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Em 28/05/2016

Núcleo de Estudos da Vegetação Antártica (NEVA)

Quando falamos do continente Antártico, as primeiras imagens que podem surgir na mente são do gelo e dos pinguins. Mas no continente gelado existe muito mais do que isso. Esta região apresenta uma enorme biodiversidade de organismos, inclusive vegetação. Embora esse continente seja um dos habitats mais inóspitos do mundo, principalmente para as plantas, existem formas dominantes de vida, como as briófitas (musgos), fungos e líquens e plantas com flores (angiospermas) sendo estas últimas representadas apenas por duas espécies.

Linha de degelo em Arctowski. Autor: Filipe de Carvalho Victoria

Panorâmica do Refugio Equatoriano em Hennequin Point. Autor: Filipe de Carvalho Victoria

O Núcleo de Estudos da Vegetação Antártica (NEVA) da Universidade Federal do Pampa, em São Gabriel - RS, vinculado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais – INCT-APA da UFRJ, vem desenvolvendo, desde 2009, atividades de pesquisa concentradas na avaliação da cobertura vegetal e biodiversidade das comunidades vegetais de áreas de degelo no Continente Antártico. A proposta de investigação deste tema emerge, principalmente, do fato das plantas da Antártica apresentarem potencial para estudos moleculares, especialmente porque suas células estão sob constante efeito de fatores ambientais estressantes. Sim, as plantas também sofrem stress por condições como as altas incidências de radiações ionizantes, como os raios ultra violeta (UV-A e UV-B), frio extremo, déficit hídrico e metais pesados. Estas condições afetam o desenvolvimento das plantas que não estão adaptadas a estes fatores, pondo em risco a integridade do DNA. Com isto, o interesse atual do NEVA é entender como estas plantas se adaptaram, levando à produção de mecanismos moleculares diferenciados, podendo inclusive afetar a transferência de informação genética à medida que são expostas a variados níveis de estresse ambiental. Estas modificações incluem o aumento de moléculas que podem ser exploradas sob o ponto de vista biotecnológico, como, por exemplo, proteínas anticongelantes.

Ao longo desses anos, essas pesquisas puderam analisar: o aumento e/ou diminuição das comunidades de plantas da Antártica em todo o Arquipélago das Shetlands do Sul (Antártica Marítima); avaliação dos fluxos de gases de efeito estufa em solos de área de degelo da Antártica; a avaliação do mecanismo de ação inseticida do extrato de uma alga terrestre conhecida como Prasiola crispa (onde já está sendo proposta uma patente com os resultados desta pesquisa); o monitoramento de fatores associados ao solo e ao clima com os fluxos de gases de efeito estufa do solo; e a avaliação do status de conservação de espécies de musgos e fungos associados a liquens em áreas de degelo da Antártica.

Liquens em Arctowski. Autor: Margéli Pereira de Albuquerque

O núcleo de pesquisa conta hoje com uma equipe de doze pesquisadores, todos doutores, sendo dez professores da UNIPAMPA e dois da Universidade de Santa Cruz. A contribuição da pesquisa antártica para o Brasil é, sem dúvida, muito significativa, considerando que o Programa Antártico Brasileiro já possui 34 anos e está solidamente representado pela equipe de pesquisadores da UNIPAMPA. Esta vem contribuindo, de maneira determinante, na formação de recursos humanos (o que pode ser evidenciado pelo crescente número de mestres e doutores com pesquisas desenvolvidas com plantas e fungos da Antártica), de novos conhecimentos (evidenciado pelo número de trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses), que tem resultado em produção científica (trabalhos publicados) e geração de produtos de pesquisa em biotecnologia. Temos a grata satisfação de compreender que os investimentos em pesquisa retornam para sociedade seja pela formação de recursos humanos e desenvolvimento intelectual de nossos jovens ou pelos produtos gerados pelas pesquisas.

Desembarque de pesquisadores e material na Ilha Ardley, Antartica. Autor: Ricardo Leizer

Grupo de acampamento, Ilha Ardley, Antártica. Autor: Adriano Spielmann

Pinguineira em Arctowski. Autor: Filipe de Carvalho Victoria

Texto: Prof. Dr. Antonio Batista Pereira, Prof. Filipe de Carvalho Victoria, Dra. Margéli Pereira de Albuquerque e Mestrando Rodrigo Paidano Alves / Núcleo de Estudos da Vegetação Antártica - NEVA - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA.

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