Em 03/06/2016
Laboratório de Paleobiologia
O termo Paleontologia significa “o estudo da vida antiga”, derivado das palavras gregas palaios = antigo; ontos = ser e logos = estudo. Este é um conceito bastante abrangente que engloba inúmeras linhas diferentes de pesquisa. Por ser uma ciência interdisciplinar, a Paleontologia moderna possui íntimas relações com outras áreas do conhecimento, como a ecologia, botânica e a zoologia. Além da descrição e classificação dos fósseis e da datação de rochas onde eles são encontrados, existe um profundo interesse na evolução e interação de organismos extintos e seus antigos ambientes. Essas relações são os principais tópicos de estudo de um ramo desta área, chamada de Paleobiologia.
O que torna a Paleobiologia tão interessante é a possibilidade de investigar o passado da vida na terra. Os fósseis são evidências diretas de como a vida evoluiu, e dos processos que moldaram a diversidade biológica hoje existente. Além disso, o estudo dos fósseis tem impacto no reconhecimento da antiga geografia do planeta e na reconstrução de ambientes antigos, já que a posição e forma dos continentes estão em lenta e constante mutação. Em uma perspectiva econômica, a Paleontologia é útil para a indústria dos combustíveis fósseis, por exemplo, pois o carvão, o petróleo e o gás natural (entre outros produtos) são oriundos de organismos vivos que viveram em um passado distante.
O Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa, Campus São Gabriel, foi fundado em 2008 pelo professor Dr. Sérgio Dias da Silva (atualmente docente na Universidade Federal de Santa Maria), sendo agora coordenado pelo professor Dr. Felipe Pinheiro. Pesquisadores e estudantes do Laboratório de Paleobiologia sempre tiveram particular interesse no estudo da biologia e evolução de vertebrados fósseis pertencentes aos períodos Permiano e Triássico (aproximadamente 290 a 210 milhões de anos atrás). Os fósseis deste período são relativamente comuns em rochas de localidades próximas a São Gabriel. Desde sua criação, pesquisadores do laboratório contribuíram efetivamente na compreensão da fauna de vertebrados fósseis da região que hoje está relacionada ao Pampa. O laboratório está diretamente envolvido na coleta e descrição de diversos animais, como dois parentes distantes do grupo dos mamíferos, conhecidos como dinocéfalos e dicinodontes (Pampaphoneus biccai e Rastodon procurvidens, respectivamente) de um anfíbio primitivo (Konzhukovia sangrabrielensis) e até de um parente antigo dos dinossauros, crocodilos e aves (Teyujagua paradoxa). A maior parte destes fósseis está depositada na crescente coleção científica do laboratório.
Rastodon procurvidens, dicinodonte (parente distante do grupo dos mamíferos) coletado em 2010 por membros do Laboratório de Paleobiologia.
Teyujagua paradoxa, arcossauromorfo (parente antigo dos dinossauros, crocodilos e aves) encontrado e descrito por membros do Laboratório de Paleobiologia
Além do trabalho rotineiro de coleta e preparação dos fósseis em laboratório, as pesquisas realizadas pelo Laboratório de Paleobiologia têm utilizado métodos de acesso não invasivo por meio de tomografias computadorizadas, para estudas a cavidades cranianas, por exemplo. Além disso, técnicas de morfometria geométrica têm sido aplicadas ao estudo da evolução de vertebrados extintos. Em 2015 o laboratório organizou a PALEORS 2015, a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Paleontologia, com a apresentação de palestras, trabalhos científicos e saída de campo.
Comissão organizadora da PALEO RS 2015, formada por integrantes do Laboratório de Paleobiologia e parceiros de outras instituições.
Atualmente o Laboratório de Paleobiologia da UNIPAMPA conta com doze alunos de graduação, desenvolvendo as seguintes linhas de pesquisa: anatomia, filogenia (estudo das relações de parentesco) e evolução de vertebrados fósseis, paleoicnologia (estudo de traços e rastros do comportamento dos organismos fósseis) e morfologia funcional (como funcionava mecanicamente a musculatura e as estruturas ósseas) de animais que viveram nos períodos Paleozoico e Mesozoico (570 a 65 milhões de anos atrás). O laboratório trabalha em parceria com diversas instituições, tais como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia e Universidade de Birmingham (Inglaterra). Além disso, o laboratório realiza diversas atividades de extensão. Como exposições, palestras e oficinas – tanto em escolas como em museus, em espaços públicos e também dentro da universidade.