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COLEÇÕES CIENTÍFICAS

Patrimônios Nacionais da Biodiversidade

      No início do século XIX o conhecimento sobre a biodiversidade de flora e fauna do mundo começou a se expandir de forma rápida, graças ao grande comércio marítimo e rotas de navegação que se desenvolveram entre o Novo e o Velho Mundo. Nessa época, exemplares de plantas e animais eram coletados por naturalistas e exploradores e enviados à Europa para satisfazer a curiosidade dos nobres e aumentar seus gabinetes de curiosidades, coleções particulares montadas em suas próprias residências.

     Com o tempo estes gabinetes cresceram, ocupando maiores espaços. Após a publicação do “Systema Naturae”, de Carl Von Linné em 1735, os acervos passaram a ser organizados segundo uma classificação hierárquica que buscava agrupar os organismos por similaridade e proximidade evolutiva (Ordens, Famílias, Gêneros, etc). É nessa época que os grandes museus de história natural ganham forma, deixando de ser coleções particulares para ganhar um caráter público, e sendo mais valorizados por sua importância científica.

      O Brasil ganhou sua primeira coleção científica graças à iniciativa do imperador Dom João VI, que fundou a Casa dos Pássaros, onde se abrigava um acervo da diversidade biológica, ainda em descobrimento, do país. Em 1818 esta viria a se tornar o atual Museu Nacional do Rio de Janeiro (mais antiga instituição científica do Brasil). Em 1866 foi criada a coleção científica do Museu Paraense Emílio Goeldi, no Pará, e em 1895 se inaugurou o Museu de Zoologia da USP. Hoje estas três instituições juntas mantêm o maior acervo representativo da biodiversidade brasileira!

Baseado na Instrução Normativa 160 do IBAMA, uma coleção biológica científica é definida como uma “coleção de material biológico devidamente tratado, conservado e documentado de acordo com normas e padrões que garantam a segurança, acessibilidade, qualidade, longevidade, integridade e interoperabilidade dos dados da coleção, pertencente à instituição científica com objetivo de subsidiar pesquisa científica ou tecnológica e a conservação ex situ”.

Baseado na Instrução Normativa 160 do IBAMA, uma coleção biológica científica é definida como uma “coleção de material biológico devidamente tratado, conservado e documentado de acordo com normas e padrões que garantam a segurança, acessibilidade, qualidade, longevidade, integridade e interoperabilidade dos dados da coleção, pertencente à instituição científica com objetivo de subsidiar pesquisa científica ou tecnológica e a conservação ex situ”.

Coleções zoológicas

        As coleções biológicas científicas são divididas em diferentes categorias, dependendo do tipo de material que abrigam, como plantas ou microorganismos. Aquelas cujo acervo é formado por exemplares que representam a riqueza de animais, seja de quaisquer regiões, são chamadas coleções zoológicas.

     Tradicionalmente uma coleção zoológica é composta por peles, esqueletos completos ou parciais ou animais inteiros preservados em meio líquido. Porém não basta apenas o acúmulo destes itens, mas a organização e o registro correto das informações associadas a cada um. O tombamento (ou registro dos dados) é o que fornece as informações que servirão de base para pesquisas. Cada exemplar da coleção recebe uma etiqueta com um código de registro para que possa ser relacionado com o banco de dados, onde se encontram local e data que foi coletado, medidas corporais e outros dados relevantes.

A instalação, manutenção, ampliação, organização e gerenciamento de coleções são atividades que em seu conjunto são conhecidas como curadoria.

      Para cada grupo animal há técnicas específicas de preparo para melhor aproveitamento e armazenamento. Em geral peixes, anfíbios e répteis são armazenados em meio líquido (via úmida). Neste caso, geralmente as carcaças são fixadas em formol e conservadas em álcool 70% ou mesmo em uma solução fraca de formol.

      Para mamíferos e aves se priorizam os ossos, sobretudo o crânio, e a pele (via seca). Uma das formas de limpeza é descarnar manualmente o animal, e levar o restante para um dermestário (uma colônia de larvas de besouros que se alimentam de carne, fazendo assim a limpeza dos ossos).

Crânio de roedor sob a ação das larvas de besouro (esquerda) e crânio de felino após passar pelo mesmo procedimento, já limpo e pronto para ser depositado na coleção (direita).

      Diferentemente da taxidermia artística, as peles dos animais que serão destinadas para fins de pesquisa são preparadas de forma a ocupar o menor espaço possível, já que são organizadas em prateleiras ou gavetas, em um espaço próprio com umidade controlada. Algumas coleções delimitam o tamanho dos mamíferos a serem preparados com a pele cheia (preenchida com estopa ou algodão), preferindo que os animais grandes sejam preparados com a pele aberta.

Exemplares de pele aberta (esquerda) e cheia (direita) de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), depositadas no Laboratório de Biologia de Mamíferos e Aves, na Universidade Federal do Pampa

Para quê serve uma coleção científica?

      Esta é talvez uma das questões mais feitas pela sociedade: afinal, qual a finalidade em se gastar tempo e recursos para coleta, organização e manutenção de exemplares animais?

Primeiramente elas são um ponto de partida para ecólogos, zoólogos e outros especialistas estudarem a diversidade de uma região. Inclusive novas espécies já foram descritas a partir de exemplares depositados em museus a mais de um século!

   Os dados disponíveis nos acervos zoológicos são fonte de informações para toda a comunidade científica, para realização de diversas pesquisas. Eles garantem dados para estudos de distribuição geográfica, diversidade morfológica, relações de parentesco e evolução das espécies e até compreensão de vetores de doenças. Com o avanço da tecnologia, as coleções hoje representam verdadeiros bancos genéticos, onde amostras de tecido são fundamentais para estudos de biologia molecular e biotecnologia.

    As coleções científicas representam um testemunho da riqueza natural histórica de nosso território, dando um panorama geográfico e temporal dificilmente alcançado por qualquer tipo de estudo pontual. As coleções são um patrimônio inestimável da nação e sua manutenção é da responsabilidade de todos.

Você sabia...?

A UNIPAMPA possui uma coleção científica e didática de zoologia? Trata-se da coleção do Museu de Zoologia do Pampa, montada no Laboratório de Biologia de Mamíferos e Aves, onde estão depositados centenas de exemplares representativos da fauna da região dos Pampas do Rio Grande do Sul.

    O LABIMAVE está aberto para visitação de pesquisadores que queiram consultar o material para pesquisa, bem como escolas e grupos que queiram conhecer mais sobre a fauna da nossa região.

Visita do exército para conhecer as atividades realizadas no laboratório -->

Texto

Raissa Prior Migliorini e Carlos Benhur Kasper

Laboratório de Biologia de Mamíferos e Aves

Universidade Federal do Pampa

 

Em 15/08/2018

   A coleção conta atualmente com material de mais de 650 indivíduos de mais de 40 espécies de mamíferos! Entre estes estão incluídas peles (científicas e artísticas), crânios, conteúdos estomacais e amostras de tecido (para análises de DNA). Está sendo iniciada também a formação de um acervo de aves (com cerca de 30 espécies até o momento), peixes (mais de 40 espécies) e répteis (cerca de 10 espécies).

Fontes consultadas e sugestões de leitura

Ingenito, L.F.S. Minicurso: Curadoria de Coleções Zoológicas. III Simpósio Sobre A Biodiversidade Da Mata Atlântica. 2014.

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/09/brasileiro-descobre-nova-especie-de-morcego-em-museu-nos-eua.html (Último acesso em 09/07/2018)

Zaher, H.; Young, P. S. As coleções zoológicas brasileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura, v. 55, n. 3, p. 24-26, 2003.

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