Esta será minha primeira tentativa de escrever uma série de textos. Por que Crônicas Evolutivas? Na verdade não tenho bem certeza. Certamente influenciado pelo título da série de livros que venho lendo e me deliciando “Crônicas de gelo e fogo” do mestre George R.R. Martin. Em parte porque o que me levou a gostar de ler foram textos curtos, com uma pitada de humor e doses variadas de ironia, de outro ídolo literário: Luiz Fernando Veríssimo. E em parte porque considero a palavra “crônica” dotada de força e beleza. Evolutivas porque sou um biólogo, e como tal um apreciador dos fantásticos frutos deste processo.

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Em meu primeiro texto (já que este foi escrito posteriormente) narro o fato que me motivou a querer escrever sobre ciência e evolução. Desde este primeiro texto, debato sobre o papel das religiões na forma de pensar do mundo ocidental. Em especial, procuro demonstrar o quão arraigado estão os conceitos religiosos em nosso modo de ver o mundo, e como a ciência apresenta uma nova perspectiva. 

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Voltando um pouco a minhas influências literárias, recentemente li um livro de outro de meus autores preferidos, Jostain Gardener, chamado: O castelo dos Pirineus. Este livro conta uma história de amor (que não deu muito certo) entre um homem ligado profundamente a ciência, e uma mulher ligada profundamente à religião. Em suma, o livro trata da questão: vale a pena dissuadir alguém de uma vida (e morte) cômoda acreditando em deus? Realmente este livro me balançou.

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Dizem que ninguém é realmente ateu em um avião em queda livre. Pra mim isso não é prova de que acreditaremos em deus quando as coisas realmente estiverem difíceis. Pra mim, isso prova que no momento do desespero somos capazes de renunciar ao raciocínio em troca de qualquer coisa que acreditarmos poder nos salvar. Mas, como disse, não tenho certeza se devo tentar dissuadir as pessoas de sua fé.

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A religião apresenta um aspecto educacional bastante cômodo. Ela instrui crianças e pessoas que não foram treinadas a pensar, do que é certo e o que é errado. Quando falo em “pessoas que não foram treinadas a pensar” não falo de uma maneira pejorativa, e sim da forma como a maioria de nós foi criada – inclusive eu. Quase todos nós não fomos incentivados a pensar, questionar, duvidar e investigar. E, em grande parte, atribuo isso a igreja e seus dogmas. Se uma criança, ou qualquer outra pessoa, é instruída a não fazer algo, com alegação de que “Deus não quer” - não há questionamento sobre isso. E este tipo de atitude acaba se tornando um círculo vicioso. É cômodo e poupa trabalho. Mas, não estou certo de que seja correto.

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Porém, o aspecto no qual as religiões são mais cômodas e mais atraentes, diz respeito à morte. E neste aspecto a ciência é virtualmente fria e realista. A morte é o fim daquela vida - não há “depois”. Por outro lado, as religiões são coloridas e felizes ao retratarem o “pós morte”. Paraísos encantados, vida eterna, um lugar onde não há dor, sofrimento ou tristeza, o conhecimento de todas as respostas, 40 virgens... Acalentador, não!? Isso pra quem se comportar direitinho... Se for um mau menino ou uma menina levada, vai pra debaixo da terra viver a eternidade em sofrimento. Dá medo, né!? Por isso eu entendo quem prefere acreditar na religião. É mais fácil viver e, principalmente, morrer assim.

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Diante disso, não tento mais dissuadir as pessoas de suas religiões. Mas, por outro lado, não aceito que elas desdenhem a Ciência. Não admito que a religião seja colocada à frente da Ciência como uma verdade. E por isso resolvi escrever esta série de textos, que trazem algumas verdades que o mundo tenta não enxergar.

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As Crônicas Evolutivas serão sobre isso: Ciência, Evolução, Biologia, Religião e Filosofia. Convido a todos a ler, refletir e discutir neste blog. A ideia é mudar de ideia.